quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Marina Abramovic (70 anos), sérvia, é uma das artistas performáticas em atuação mais importantes no mundo. Desde a década de (19)70 já criou obras de arte performáticas com as mais diversas questões sendo propostas. Sua vida amorosa, as relações de confiança entre as pessoas, a relação com o lugar onde nasceu, entre muitas e muitas outras. Marina considera a performance um ritual, como os rituais sagrados que ela visitou no Brasil no filme "Espaço Além" (the space in between)


(www.thespaceinbetweenfilm.com - disponível para alugar no vimeo). O filme é uma espécie de road movie, um filme de viagem. A artista escolheu alguns lugares e alguns rituais para explorar. A casa de Dom Inácio de Loyola, onde o médium João de Deus atende e faz cirurgias espirituais. Ela participa de alguns atendimentos e acompanha o médium por alguns dias. É bem impressionante, pois as cirurgias são feitas ali, sem salas esterilizadas ou anestesias. Marina se impressiona com a força do médium e com a energia do lugar. Cachoeiras impressionam a artista.  Marina vai ao Vale do Amanhecer, próximo a Brasília e participa dos rituais sagrados com mantos, rezas, cantos e curas. Performance e ritual se tornam um. Vida e arte se mesclam. Na floresta, próximo a Chapada Diamantina, ela resolve experimentar, com parte da equipe, a ayhuasca, o chá de ervas e raízes que causa alterações na percepção sensorial e também física. Depois de passar muito mal por 17 horas, Marina ainda toma novamente o chá em Curitiba, com um grupo xamânico, dentro do ritual que o chá normalmente é tomado. Ela não se sente mal e tem experiências sagradas nessa segunda vez. Acredito que a forma com que ela tomou o chá influenciou muito a percepção e as sensações dela. Essa experiência em Curitiba foi bastante impressionante para a artista, que se encontra com uma Xamã e passa por um processo de cura ela também. Os cristais e a força que Marina acredita emanar das pedras finalizam a viagem, em Minas Gerais.

Um filme cheio de experiências encantadoras, individuais, sagradas e cheias de significados. Impossível não associar cada um destes adjetivos às artes, ao que sentimos ao nos deparar com uma obra que verdadeiramente nos toque, nos alcance, faça reflexo em cada um.

ps: minha primeira experiência com Marina Abramovic foi em uma exposição em São Paulo, no Sesc, onde estava sendo exibido o vídeo da performance "Balkan erotic Epic". A última cena, onde uma mulher sem rosto bate uma caveira entre os seios, foi a que mais me impressionou. Doeu mesmo. Veja aqui: https://www.youtube.com/watch?v=5OM5SfUIN6Q&bpctr=1511995224